A Farinha do Uarini, também conhecida como farinha de bolinha ou ovinha, é um produto artesanal feito a partir da mandioca brava, uma variedade da mandioca comum. Seu processo de fabricação é único e reflete a rica cultura e tradição da Amazônia.
O Processo de Produção da Farinha do Uarini
Colheita e Fermentação: A mandioca é colhida e imersa em água por 2 a 3 dias para fermentar e amolecer.
Descascagem e Trituração: Após a fermentação, a mandioca é descascada e triturada em um pilão ou ralador, resultando em uma massa.
Prensagem: A massa é prensada em um tipiti, uma prensa feita de palha trançada, para retirar a água.
Peneiragem: Em seguida, a massa é peneirada.
Formação dos Grãos: A massa é colocada na bolandeira, um cilindro manual de madeira, que confere aos grãos a forma arredondada de ovinhas.
Torragem: Finalmente, a farinha é torrada em um tacho de ferro por 40 a 60 minutos, garantindo o sabor e a cor amarelo ouro características.
Usos Culinários e Nutrientes
A farinha do Uarini é um acompanhamento tradicional na culinária amazônica, especialmente em pratos com peixe. Ela pode ser utilizada para fazer pirão, misturada com feijão ou adicionada a saladas. Além de ser uma excelente fonte de carboidratos, a farinha é livre de glúten, tornando-a uma opção versátil e saudável.
Graças à sua aparência, é frequentemente chamada de caviar amazônico, já que seus grãos lembram as ovas de peixe. Embora seja mais conhecida no norte do Brasil, a farinha do Uarini está ganhando destaque na alta gastronomia, com chefs renomados incluindo-a em seus cardápios.
Reconhecimento e Importância Cultural da Farinha do Uarini
A farinha do Uarini foi declarada Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Estado do Amazonas pela Lei nº 6.794/24. Ela representa uma figura de destaque na agricultura familiar amazonense e sua produção é incentivada pelo Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam).
Este órgão apoia os agricultores por meio de atividades de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater).
Atualmente, mais de 70 mil agricultores familiares no estado se dedicam à produção de farinha, contribuindo para a subsistência e comercialização de seus produtos. Em 2023, a produção total do estado atingiu 154,1 mil toneladas de farinha, incluindo a farinha d’água e seca do Uarini, segundo o Relatório de Atividade (RAT) do Idam.
A Farinha do Uarini não é apenas um alimento; é um símbolo da identidade cultural e da riqueza da biodiversidade da Amazônia. Ao apreciá-la, você não só saboreia um produto delicioso, mas também apoia as tradições e comunidades locais que a produzem.
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