Em um ano simbólico para a Amazônia, a Igreja Católica elegeu um pontífice que coloca o meio ambiente no centro da missão espiritual. O cardeal norte-americano e cidadão peruano Robert Prevost foi escolhido nesta quinta-feira (8), no Vaticano, como o novo Papa da Igreja, assumindo o nome de Leão XIV.
Sua eleição ocorre meses antes da COP30, que será sediada em Belém, capital do Pará, em novembro — um marco para a região Norte e para os povos da floresta. Com um histórico de proximidade com o Papa Francisco, Leão XIV compartilha da mesma visão de que a Igreja deve agir de forma concreta diante das mudanças climáticas.
“O domínio sobre a natureza não deve se tornar tirânico. Deve ser uma relação de reciprocidade”, afirmou Leão XIV, reforçando que os eventos climáticos extremos impactam desproporcionalmente as comunidades mais pobres.
O novo Papa já demonstrou publicamente sua preocupação com os efeitos da crise ambiental e tem destacado que a fé cristã precisa caminhar ao lado de ações práticas, sobretudo no cuidado com a criação e na defesa dos povos vulneráveis. Para muitos especialistas, sua liderança representa uma continuidade — e ao mesmo tempo um avanço — no que o Papa Francisco iniciou com a encíclica Laudato Si.
Uma escolha que dialoga com a Amazônia
Nascido em Chicago, mas com forte atuação no Peru, Prevost conhece de perto os desafios enfrentados pelas populações da América Latina — especialmente aquelas que vivem em regiões de alta vulnerabilidade ambiental. Essa bagagem o conecta diretamente com a realidade amazônica, onde a luta pela preservação da floresta também é uma luta pela sobrevivência de povos inteiros.
Em tempos em que o mundo volta os olhos para a Amazônia, a eleição de um Papa que entende a urgência climática e espiritual do nosso tempo é mais que simbólica: é um chamado à ação conjunta entre fé, ciência e responsabilidade social.
Para quem vive na Amazônia ou se interessa por ela, o momento é propício à reflexão: como podemos, individual e coletivamente, contribuir com essa nova consciência ecológica global? A COP30 será um palco para essa resposta — e o novo Papa já se mostra uma voz forte nesse diálogo.