Símbolo da era da borracha e da política amazonense, o Palácio Rio Negro, em Manaus, une história, cultura e arquitetura em um dos edifícios mais emblemáticos do Amazonas.
Um Monumento à História e Cultura do Amazonas
O Palácio Rio Negro, localizado no centro de Manaus, é um dos ícones arquitetônicos mais representativos da Belle Époque amazônica. Originalmente batizado como Palacete Scholz, foi construído em 1903 pelo rico comerciante alemão Karl Waldemar Scholz, conhecido como o “Barão da Borracha”, para ser sua residência. O projeto é assinado pelo arquiteto italiano Antonio Jannuzzi, em estilo eclético, típico das construções de luxo do início do século XX.
Com a decadência do ciclo da borracha e os impactos da Primeira Guerra Mundial, Scholz enfrentou dificuldades financeiras, o que o levou a hipotecar o imóvel ao coronel Luiz da Silva Gomes. Este, por sua vez, arrendou a propriedade ao Governo do Amazonas, que posteriormente a adquiriu oficialmente em 1917, por meio da Lei nº 892, de 28 de julho. O nome foi alterado para Palácio Rio Negro em 1918, tornando-se sede oficial do Poder Executivo estadual e residência dos governadores do Amazonas até 1995.
Em 3 de outubro de 1980, o palácio foi tombado como Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Amazonas, segundo o portal da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado (cultura.am.gov.br), assegurando sua preservação e importância histórica.
Transformação em Centro Cultural
Em 1997, o Governo do Amazonas transformou o espaço no Centro Cultural Palácio Rio Negro (CCPRN), valorizando sua imponência arquitetônica e seu simbolismo histórico. Desde então, o palácio passou a abrigar exposições, recitais, apresentações teatrais, lançamentos de livros e outras manifestações culturais.
A climatização e modernização dos ambientes contou com consultoria técnica do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), tornando o espaço adequado para exposições artísticas e multimídia. Em novembro de 2000, o CCPRN passou a integrar um complexo cultural que inclui também o Museu da Imagem e do Som do Amazonas (MISM), o Museu de Numismática Bernardo Ramos, a Pinacoteca do Estado, o Cine-Teatro Guarany e o Espaço de Referência Cultural do Amazonas (ERCAM).
Destaques das Exposições
O CCPRN já sediou diversas exposições de relevância nacional e internacional. Entre os destaques estão:
Memórias da Amazônia, com acervo etnográfico de Alexandre Rodrigues Ferreira;
Londres Inglaterra (1997), exposição multimídia;
I Salão Plástica Amazônica (1998);
Obras de Francisco Brennand (2000);
Ópera: Arte e História (2000);
George Huebner – Um Fotógrafo em Manaus (2001);
II Salão de Humor, Quadrinhos e Animação (2001);
Viva o Cinema Brasileiro (2001);
Sharaku Revisitado, com artistas contemporâneos do Japão (2002).
Acervo e Mobiliário
O mobiliário do Palácio Rio Negro preserva a elegância dos tempos áureos do ciclo da borracha. Entre os itens mais notáveis estão:
Mesa de jacarandá escura em estilo inglês;
Estatueta de bronze criada pelo engenheiro Benei;
Escultura “L’Inspiration”, de Henry Plé;
Cadeiras tipo espreguiçadeira esculpidas com motivos florais.
Função Atual
Hoje, além de espaço para eventos culturais, o Palácio ainda mantém um gabinete de despachos reservado ao governador do estado e pode ser usado em cerimônias oficiais. Com entrada gratuita e programação diversificada, o Centro Cultural Palácio Rio Negro segue como um dos principais polos de arte e cultura da capital amazonense, oferecendo ao público uma imersão na história e na identidade regional.